Juro que o Sol nasce de dentro dos teus olhos. Foi daí que nasceu a luz, é aí que começam os dias… no centro dos teus olhos, esses olhos de quem não sabe que é bonita. Juro que o mundo acaba na linha dos teus ombros e que é dos teus passos que nascem as flores, que é da tua voz que se faz música e é sobre a tua pele que os homens escrevem todas as coisas bonitas. Às vezes acho que te enganaste e vieste parar à minha cama por engano, estou sempre à espera do dia em que acordes e me digas “mas o que é que eu estou aqui a fazer?” Também não sei. Sei que vieste dar-me vida, provavelmente era isso que te diria “Vieste dar-me vida” mas temo que isso não fosse suficiente para te fazer ficar.
Andas livre e solta como quem anda por onde anda porque quer e nunca porque precisa ou porque tem de ser. Não fazes nada porque tem de ser, nem dizes nada do que é suposto dizer. Falas com todas as coisas como se elas te ouvissem, na primeira vez em que almoçamos disseste ao passeio da rua “quase me apanhavas” depois de teres tropeçado e caído de rabo. Pensei que eras louca e tu, ao leres os meus pensamentos, respondeste-me que louco era eu que passava pelo passeio todos os dias sem lhe dizer nada.
Davas o bom dia ao céu todos os dias, talvez seja por isso que ele te ilumina de forma singular, como nunca tinha visto antes. A luz da manhã cobre metade da tua cara, o suficiente para ver a mistura verde e amarela dos teus olhos e as sardas que tens espalhadas pelo rosto como se Deus tivesse soprado uma mão cheia de grãozinhos de areia no teu nariz. És uma pintura que ganha vida e se move nos meus lençóis, logo nos meus lençóis…e que raio fiz eu para merecer isso?
Ouves música antiga e gostas de andar descalça, só comes fruta com casca e queres sempre que te contem o fim dos filmes. Falas rápido ao ritmo da cidade mas trazes nas mãos a paz de quem viveu a vida inteira no campo. Maria. Foste inventada de uma gargalhada de Deus e vieste num raio de sol. Não tens raizes em lado nenhum mas só um louco é que não te chama de casa. Roubas-me a manta durante a noite e o coração. Fazes dele um quantos-queres, um leque ou até um animal de balão de festa de criança. Maria. Não me atrevo a dizer que és minha mas não te dou a mais ninguém e quando fores nada do que sobrar de mim vale a pena amar. Maria. Maria que cheira a tangerina e a lavanda, maria que cheira a roupa lavada e a sal do cabelo, Maria da pele quente onde encaixo o nariz para dormir. Maria. Maria do mundo que atracou aqui, como um pescador que se abrigou numa ilha qualquer para fugir à tempestade. Maria. Maria. O mundo inteiro tem o teu nome e todas as coisas são tuas. Até mesmo eu. Principalmente eu. Inevitavelmente eu. Maria.
Maria. Um conto inventado sobre um amor inventado.
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Tens uma capacidade de outro mundo para escrever e é essa uma das razões porque te sigo à tantos anos. Que coisa incrível, fico sempre sem palavras… Obrigada!
Carolina, a tua escrita deixa-me com todas as borboletas na barrinha e com todas as lágrimas nas bochechas, deixas -me completamente de coração cheio e quente de alegria, felicidade e amor, e isso é extremamente importante quando se escreve, sou, não só uma fã, mas uma admiradora da tua escrita, continua!
Beijos e tudo de bom, para ti e para os teus meninos 💛💛
Lindo! Aliás como todos os teus textos. Um sensibilidade brilhante! Adorei a analogia das sardas. Que coisa boa! ☀️
És maravilhosa! Este blog promete… Parabéns Carolina, beijinho grande
Que lindo!!! Tão genuíno!!!
Para quando um livro de crónicas, Carolina???
😘😘😘